-
Putin diz em entrevista que não participará da cúpula do G20 após mandado de prisão do TPI
-
O presidente russo declarou que enviará funcionário do governo ao encontro de novembro que acontecerá no Brasil.
- Por Camilla Ribeiro
- 18/10/2024 19h55 - Atualizado há 2 meses
Vladimir Putin, presidente da Rússia, disse durante entrevista que não irá à cúpula do G20, que será realizada no Rio de Janeiro, em novembro.
O presidente da Rússia é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por supostos crimes de guerra durante a operação russa na Ucrânia.O Brasil é signatário do Tratado de Roma e seria obrigado a respeitar a decisão do TPI e executar a prisão do líder russo no momento em que ele chegasse ao solo brasileiro.
Anfritriões Kostin, procurador-geral ucraniano, fez um apelo na semana passada para que o Brasil prendesse Vladimir Putin caso ele viesse ao encontro.
“Temos uma boa relação, relação amigável com o presidente Lula. Eu iria lá de propósito? Para violar a operação desse fórum? Para arruinar o fórum?”, indagou.
“Mesmo colocando o TPI de lado, será o único tópico em discussão, por que faríamos isso? Somos adultos. Vamos achar uma pessoa na Rússia que possa representar os interesses da Rússia no Brasil”, adicionou.
O presidente Putin destacou ainda que o TPI “não tem nenhuma importância” e que a Rússia não reconhece sua jurisdição.
Putin afirmou que seria possível o desenvolvimento soluções diplomáticas para evitar sua prisão, com acordo formal entre os dois governos, porém, logo em seguida, voltou a fazer críticas ao tribunal.
“Em relação à independência, não quero me fazer soar sombrio, mas o tribunal criminal disse vai tomar decisões contra certos líderes do Oriente Médio. Pois os Estados Unidos os questionaram, e eles se calaram, a resposta é essa, o respeito a uma unidade que não é independente nem universal é realmente baixo, é de baixa consideração”, pontuou.
Crescimento dos Brics
O presidente russo avaliou também que os países dos Brics devem crescer mais rápido do que os do G7.
E que os Brics assumirão um papel cada vez maior no comércio global.
“O mercado internacional não pode sobreviver sem os Brics, inclusive em tecnologia, como a inteligência Artificial. Essa é a mudança mais tangível. Isso é natural. O mundo muda sempre. Os novos líderes emergem”, disse Putin.
“O Brics não é contra ninguém. O Brics não é um grupo anti-ocidente. É apenas um grupo não-ocidental”, completou o líder russo.
De acordo com Putin, mais de 30 países demonstraram interesse em fazer aliança com o bloco. Para a atual presidência rotativa do bloco, a ampliação seria bem-vinda, desde que guiada por princípios pré-acordados.
“Atualmente, estamos trabalhando em uma nova categoria de ‘Parceiros dos Brics’. Precisamos de um consenso: seremos muito cuidadosos ao sermos guiados por dois princípios. Primeiro, multilateralismo. Em segundo, a eficiência da organização. Ao expandir o número de países, não deveríamos perder a agilidade do bloco. É isso que guiará nossos próximos passos”, disse.